2018-01-24

Autor do mês - Antero de Quental

Amor Vivo

Amar! mas dum amor que tenha vida…
Não sejam sempre tímidos harpejos,
Não sejam só delírios e desejos
Duma doida cabeça escandecida…

Amor que vive e brilhe! luz fundida
Que penetre o meu ser – e não só beijos
Dados no ar – delírios e desejos –
Mas amor… dos amores que têm vida…

Sim, vivo e quente! E já a luz do dia
Não virá dissipá-lo nos meus braços
Como névoa da vaga fantasia…

Nem murchará do sol à chama erguida…
Pois que podem os astros dos espaços
Contra uns débeis amores… se têm vida?

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