A Ilha de Timor
(Lenda de Timor)
Há muitos e muitos anos, do outro lado do mundo, vivia num pântano um crocodilo. Como já era velho, faltava-lhe velocidade; raramente conseguia apanhar peixes para comer e, por isso, começava a sentir fome, fraqueza e desânimo.
Saiu então do pântano e aventurou-se em terra, em busca de algum bicho que lhe matasse a fome. Mas o sol era ardente, o caminho longo e o crocodilo sentia-se sem forças para continuar.
Cheio de fome e sozinho, pensou que acabaria ali os seus dias, imóvel como uma pedra. Até que passou um rapaz. Ao ver o pobre animal naquele estado, sentiu pena e resolveu ajudá-lo a arrastar-se até uma ribeira. Aí o crocodilo pôde refrescar-se e alimentar-se um pouco. E, ao conversarem, percebeu que o sonho do rapaz era viajar e conhecer mundo.
Tão grato ficou o velho crocodilo que se ofereceu para levar o seu amigo às costas a passear pelas águas do rio e do mar. E assim atravessaram as ondas, dia e noite, noite e dia, rumo às terras onde nasce o sol.
Mas um dia, já cansado, o crocodilo percebeu que não podia continuar. E como a fome de novo apertasse, não encontrou solução que não fosse comer o rapaz. Antes, porém, decidiu consultar outros animais, a fim de aliviar a consciência. E todos, da baleia ao macaco, o censuraram, fazendo-lhe ver como seria ingrato para quem o ajudara.
Arrependido dos seus pensamentos, o crocodilo seguiu caminho, com o rapaz sempre às costas e sem perder o sol de vista. Quando as forças o abandonavam, ainda pensou dar meia volta e regressar. Mas de repente sentiu o corpo aumentar de tamanho e transformar-se em terra e em pedra. Rapidamente se converteu numa ilha verde, cheia de montes, florestas e rios.
O rapaz caminhou então por aquela bonita ilha e deu-lhe o nome de Timor, que em língua malaia quer dizer Oriente. E é por isso que Timor tem a forma de um crocodilo.
Contos de Lendas de Portugal e do Mundo
Seleção, adaptação e reconto de João Pedro Mésseder e Isabel Ramalhete
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