A um secreto Leitor
No silêncio da noite é que eu te falo
Como através dum ralo
De confissão.
Auscultadores impessoais e atentos,
Os teus ouvidos são
Ermos abertos para os meus tormentos.
Sem saber o teu nome e sem te ver
_ Juiz que ninguém pode corromper _ ,
Murmuro-te os meus versos, os pecados,
Penitente e seguro
De que serás um búzio de futuro,
Se os poemas me forem perdoados.
Miguel Torga
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