2022-10-12

Prémio Nobel da Paz 2022

 Nobel da Paz 

Ativista bielorusso e organizações russa e ucraniana de direitos humanos recebem Nobel da Paz

Os vencedores "demonstram a importância da sociedade civil para a paz e para a democracia" sublinhou o Comitê Nobel Norueguês ao atribuir o Nobel da Paz.

Memorial (Rússia) e Center for Civil Liberties (Ucrânia) dividem o prémio com Ales  Bialiatski.



Ales Bialiatski, de 60 anos, é um ativista e líder cívico, chefe do grupo bielorrusso Viasna (Primavera). Em Julho de 2021 foi preso por "evasão fiscal" com pena máxima de 7 anos.
Os defensores dos direitos humanos consideram as acusações politicamente motivadas e reconhecem Bialiatski como um prisioneiro de consciência. Trata-se de um caso visto como uma vingança do Presidente Alexander Lukashenko, no poder desde 1994 e que silencia qualquer forma de crítica por meio de prisões ou repressões, como fez no Verão de 2020.Após  a reeleição para um sexto mandato numas eleições consideradas fraudulentas, dezenas de milhares de bielorrussos saíram às ruas para protestarem sofrendo as consequências. A Viasna registou as prisões, as denúncias de torturas e os feridos sendo também castigada com a prisão do seu líder.

"Tanto nas pequenas cidades, quanto nas regionais ou na capital há um terror real."

"O objetivo é muito simples : manter o poder a qualquer custo e semear o medo na sociedade."
                                    Ales Bialiatski 

 

Memorial

Sociedade Memorial ou Associação Memorial é uma organização internacional de defesa dos direitos humanos fundada na Rússia, criada por Andrei Sakharov em1988.

É composta por duas entidades jurídicas distintas:

- Memorial International, cujo objetivo é o registo dos crimes contra a humanidade cometidos na União Soviética;

- Memorial Human Rights Center, concentrada na proteção dos direitos humanos especialmente em zonas de conflito dentro e ao redor da Rússia.


O Memorial surgiu durante os anos da Perestroika com o objetivo de documentar os crimes contra a comunidade cometidos na URSS durante o séc. XX e ajudar as vítimas sobreviventes do Grande Terror e dos Gulags e suas famílias.

Em 28 de Dezembro de 2021, a Suprema Corte da Rússia ordenou que o Memorial International fechasse as portas por violações da lei de agentes estrangeiros.

No dia 5 de Abril de 2022, após um apelo ao Tribunal Europeu que instruiu a Rússia a suspender a dissolução forçada do Memorial, o grupo anunciou o seu encerramento.

Apesar de todos os contratempos, os objetivos da sua Carta continuam firmes:

-Promover a sociedade civil e a democracia baseada no Estado de Direito evitando um retorno ao totalitarismo.

-Auxiliar a formação da consciência pública com base nos valores da democracia e da lei para se livrar de padrões totalitários e estabelecer firmemente os Direitos Humanos na prática política e na vida pública.

-Promover a revelação da verdade sobre o passado histórico e perpetuar a memória das vítimas da repressão exercida  pelos regimes totalitários.

Tudo isto é feito nomeadamente mantendo um banco de dados eletrónico das vitimas do terror político na URSS.


Centro para as Liberdades Civis

Ao anunciar o prémio, o Comité Nobel destacou que o Centro para as Liberdades Civis tem procurado "identificar e documentar crimes de guerra russos contra a população civil ucraniana" desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro deste ano.

"Em colaboração com parceiros internacionais, o Centro está a desempenhar um papel pioneiro com vista a responsabilizar os culpados pelos seus crimes."

A organização, fundada em 2007, liderada pela ativista de direitos humanos Oleksandra Matviichuk, nasceu da decisão de vários líderes de organizações de direitos humanos de nove países ex-URSS com o objetivo de criar um centro de apoio a recursos transfronteiriços em Kiev para promover os direitos humanos, a democracia e a solidariedade tendo como Valores da organização:

- Respeito pela dignidade da pessoa humana;

- Liberdade e os direitos humanos;

- Imparcialidade;

- Democracia;

- Estado de direito;

- Não-discriminação;

- Solidariedade.

Apoiando-se em voluntários, a ONG enviou unidades móveis aos locais dos crimes, trabalhando para conseguir que  dezenas de milhares de ucranianos que foram forçados a deixarem as suas casas e a mudarem-se para a Rússia, retornem à Ucrânia.

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