Miguel Torga
O Poema
O arauto de Apolo dorme ainda
Na quentura do ninho.
Corvo marinho,
Cotovia,
Ou sonha na salgada penedia,
Ou no campo maninho.
Mas não dorme o Poeta.
E a sua natural inspiração
Voa através da escuridão
E vai buscar a luz à sua fonte.
Salta de monte em monte,
Com pernas de gigante e de ladrão.
E nas trevas humanas,
Nas pálpebras teimosas da rotina,
O seu poder de mago e vidente
Cria
O novo sol desse precoce dia
Com mais fulgor futuro que presente.
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